Estamos na Europa desde 1986, não me recordo desse tão grande acontecimento.
Mas lembro-me que o tive de estudar mais do que uma vez.
Lembro-me de achar ridiculo que os livros do ensino secundário tecessem mil e uma maravilhas sobre tal acontecimento, quando todos os meus professores contestavam as concessões que tivemos que fazer enquanto país, quando todos criticavam a Politica Agricola Comum que nos obrigava a deixar a Agricultura de lado.
Apesar de estar alerta a esta triste realidade, achava que a Europa era uma coisa boa.
Depois em 2001, veio o Euro, que facilitou o consumismo além fronteiras mas dificultou o dia a dia daqueles que vivem cá dentro. Basta apenas vermos como o preço do café aumentou para percebermos o quão inapropriada esta mudança também foi.
Milhares de outros acontecimentos se antecederam/sucederam, as regras comuns de protecção do consumidor, os direitos comuns a todos os cidadãos europeus, e o sucesso brilhante e consecutivo de se poder circular livremente na União Europeia e por outros países da Europa que aderissem ao Schengen.
Mas em 2006, veio mais uma triste concessão do nosso Governo, o famoso acordo de Bolonha.
Eu vejo-o assim, porque como os grandes o decidiram, porque a moda era aquela, lá fomos nós atrás, mais uma vez.
Bolonha prejudicou a qualidade dos cursos, passou-se a estudar para obter créditos, passou-se a estudar menos anos, não que isso seja mau, mas quando menos anos, significa menos conhecimento e menos qualidade no ensino, menos preparação para o mercado de trabalho, acho que não restam dúvidas que o nosso ensino universitário perdeu metade do valor que tinha cá dentro e no estrangeiro.
Podem pensar, mas porque se queixa ela, se estudou antes de Bolonha.
Queixo-me porque a minha Licenciatura agora denominada de Licenciatura pré-Bolonha, no estrangeiro, tem uma classificação que ninguém sabe enquadrar, que todos contestam, que ninguém entende, e que nem eu sei enquadrar no regime dos países que (ainda) não aderiram (implementaram) ao absurdo que Bolonha é.
Porque ontem, perguntaram-me, isso é Bacharelato ou Mestrado, e eu disse (à boa maneira portuguesa) não é uma coisa, nem outra, fica no meio. Mas isso não existe por cá, e se eu quiser saber o que é, tenho que ir a Portugal, tirar cópia, certificar a cópia, traduzir na Embaixada, registar a tradução na Embaixada, registar no devido Ministério e pedir equivalência..
Ora isto já acontecia antes de Bolonha, mas no Estrangeiro não interessa se o diploma é pré-Bolonha ou não, se licenciatura não é Mestrado, só pode ser Bacharelato, não pesando na balança se estudaste 3 ou 5 anos.. Estou no mesmo pé de igualdade de quem estudou menos tempo..
Acabo de sentir na pele como Bolonha eliminou por completo a minha licenciatura do curriculum europeu.
Mais triste ainda é ver o que se está a passar no resto do ensino escolar, li sobre os famosos novos agrupamentos e senti um arrepio na espinha.. Oh não, mais outro retrocesso..
Prevejo que daqui por dez anos, ou menos, a imigração comece a ocorrer em sectores etários mais jovens do que o meu.. Acedito que a imigração se comece a dar no momento em que se procura Universidade, mesmo quando não se tenha muito dinheiro. Porquê? Porque os nossos Diplomas estão a perder valor não de ano para ano, mas de dia para dia, e isso prejudica não só quem está a tirar um curso universitário, mas também quem já o tirou..
Eis que esta União me tem decepcionado, é apenas mais um Casamento em que Portugal só deve, deve e deve amor, mas não é de todo amado..
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