Thursday, November 1, 2012

Indignada!

Vi hoje publicada no Público, a seguinte notícia:

 Embaixador de Israel diz que Portugal tem "uma nódoa" que os judeus não esquecem

E sinto-me verdadeiramente indignada.

Não quando o mesmo revelou que os judeus jamais vão esquecer que em Portugal se levantou a bandeira a meia haste pela morte de Salazar, mas quando o tal Embaixador de seu nome Gol confessou ter exortado o nosso Ministro da Educação a assinar "um acordo com o Governo de Israel para que "os professores portugueses aprendam a ensinar o Holocausto".

Bem, mas afinal quem é que manda aqui, somos nós, ou são eles.
Já nos bastou termos aderido à União Europeia e eles terem alterado os cursos universitários, de forma a que estes perdessem o seu valor, quer em Portugal, quer no Estrangeiro, mas que agora nos venham dizer o quê e como ensiná-lo, choca-me.

Ora, Sr. Embaixador, umas quantas verdades sobre o ensino português (dos meus tempos) para as quais o quero alertar.

1. Não me foi ensinado que Portugal hasteou a bandeira a meia haste pela morte de Hitler, soube-o anos mais tarde quando, por minha iniciativa e curiosidade, investigava sobre o assunto.
2. Mas ensinaram-me que no Holocausto foram perseguidos judeus, ciganos, intelectuais polacos, russos, e outros.
3. Também me ensinaram que Portugal teve um papel neutro durante a II Guerra Mundial, pelo qual os meus professores sentiam vergonha, até porque Portugal conseguiu encher os bolsos com algum ouro durante esse período. Aprendi, mais uma vez, mais tarde, porque o quis, que Portugal revelou-se ser um ninho de espiões de várias partes do Mundo, dado a este mesmo factor.
4. Na escola li pelo menos dois livros (O Diário de Anne Frank e o Mundo em que vivi, de Ilse Losa), que relatavam o que as pessoas viveram durante este período negro da história.
5. Na escola também aprendi que Cristo era de origem judia e que foram os judeus que não concordavam com a sua posição sobre Deus e o Mundo que o puseram na Cruz.
6. Também aprendi que os Judeus sempre foram perseguidos, muitos anos antes do Holocausto houve um período a nós ensinado como se chamando Inquisição, durante o qual por toda a Europa se perseguiram Judeus. Em Portugal ou se os assassinava ou se os assimilava, transformando-os em novos cristãos. Também se perseguiram outras pessoas com outras crenças e religiões (para quem não saiba).
7. Aprendi ainda que escravizámos, colonizámos, que guerreámos com os mouros para construir um país (um pouco como vocês).
8. Aprendi ainda como Israel se tornou uma nação e como ainda hoje se encontra em guerra.

Conclusão, aprendi que a história de Portugal tem muitas nódoas, mas aprendi também que tivemos grandes pessoas que combateram todos estes males, que fizeram a diferença, e que para lá de tudo isto alcançámos grandes feitos.

A História do Mundo foi-me ensinada de forma a que compreendesse que todas as Nações e Gentes têm grandes feitos e grandes nódoas e que todos devíamos agir com base no conhecimento da História, para que grandes erros não voltassem a ser cometidos.

Acrescento ainda que tenho muito, mas muito Orgulho mesmo em ser Portuguesa e terei sempre. Não aceito e não posso aceitar, que em tempos dificeís e criticos como o meu país atravessa, um Estrangeiro me venha dizer que temos que mandar os nossos professores ao país deles para aprender a história como por eles é contada, a qual por defeito revelará sempre e exclusivamente um único ponto de vista, o seu (esquecendo-se de tudo o resto, resto esse, que pelo menos no meu tempo também era ensinado).

Sempre tive muito respeito pelo povo judeu, pela sua história, pelo seu sofrimento e pela forma como sempre conseguiram vingar apesar de todas as vicissitudes que atravessaram, sendo que vou continuar a tê-lo. Mas sinceramente acho que o senhor está a precisar de licões não só de história universal, como de educação moral e religiosa e de diplomacia internacional.

Sinto-me indignada, esta, Sr. Embaixador tão depressa não a esqueço, mas não se preocupe, que daqui a nada já o perdoei, sabe, aprendi na Escola, que o perdão faz-nos sempre pessoas melhores, mas a si isso não ensinam, pois não?

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