Não sei se em Portugal também já virou moda, talvez com a crise já tenha é caído de moda, mas por aqui o que está a dar é fazer festas de anos em Clubes para Crianças (sendo que estes espaços abrem e fecham constantemente)..
Basicamente contrata-se o espaço e os serviços do Clube, sendo que eles tratam de tudo.
O espaço (grande ou pequeno, bom ou mau) depende de quanto os pais querem gastar.
Mas normalmente estes sitios têem uma zona para crianças, uma espécie de playground fechado entre quatro paredes, cheio de brinquedos e piscinas de bolas, com uma ou várias câmaras de vigilância, e ainda uma zona de lounge para os pais se sentarem, a olhar para a televisão que transmite as imagens captadas pela câmara, a comer e a beber.. Os serviços incluem Animadoras, catering, bolo (opcional) e convites (a decoração é a própria do espaço).
Já fui a dois aniversários em dois espaços diferentes, tenho mais um este Domingo, ao qual não sei se vou (evento publicado em facebook, com lista de presenças e lista de prendas, mais não sei o quê and what not, soa-me a demasiado).
Acontece que eu não acho piada a estes sítios, primeiro, porque têm um horário limitado (começa às 3 ou às 4 e acaba às 6, ou 7 com um pouco de sorte), não interessa se os convidados se atrasaram ou não.
Depois é hora certa para tudo, em duas horas conseguem servir o primeiro lanche, o segundo lanche e o bolo (as crianças nem comem metade, quando chegam querem é brincar, sendo que duas horas só servem para isso mesmo, sendo que em duas horas nem sequer se cansam, querem elas lá saber de comer).
Depois não há verdadeiramente um tema associado à festa, a criança não participa na escolha, na decoração, não interessa a idade, a festa em si é tudo menos personalizada.
E nem tão pouco há uma interacção entre adultos e crianças, cada bicho em sua gaiola.
Consigo perceber a escolha, os pais têm menos trabalho na preparação da festa, não têm que fazer a comida ou escolher a decoração, não há bagunças em casa e a seguir nada fica por limpar, os restos levam-se para casa, já empacotados, juntamente com os presentes, esses já desembrulhados.
Mais a oportunidade de ter duas horas para conversar com os outros pais, sem ter que interromper a conversa, a cada 30 segundos com "cuidado com a cabeça", "deixa o brinquedo do João", "não mordas, só miminhos", "mas porque estás a chorar agora", "eu não te avisei para teres cuidado".
Mas eu acho que as festas de anos têm mais sabor em casa, com o cheirinho dos bolos, biscoitos, doces e salgados feitos pelas Mães, avós ou comprados na pastelaria favorita (mas escolhidos pela Mãe), com a decoração improvisada que fica sempre um pouco foleira, mas que considerou o herói ou brinquedo favorito.
Decoração na qual a criança fez as fitas ou ajudou a pôr as coisas no sítio e sentiu o entusiasmo de se preparar para receber os amiguinhos, onde aprendeu a partilhar os brinquedos e tenta proteger os favoritos de quaisquer estragos de mãos menos cuidadosas.
As festas de crianças significam bagunça autorizada e não deviam deixar de o ser.
Acho que deviam ser sempre recheadas de correrias, nos espaços que lhes são próprios, onde escolhem a música para dançar, onde os pais, avós e amigos são quem os vigiam, brincando com eles também, onde há um momento único onde todos se reunem para cantar "Parabéns a Você", onde não há estranhos a lembrar que já são 6 horas e que acabou, mas aonde todos vão ficando até cairem de exaustão.
Acho que isto enche uma casa para uma eternidade, fica lá dentro a recordação e fica também uma história, "A Niki perdeu a cabeça e eu não sei quem a levou", "Aquela parede ficou suja que nem com Cif sai, agora só na próxima pintura, ah mas espera não é só sujidade, ficou também sem um bocado", "nos meus anos, estiveram todos à volta desta mesa a cantar os parabéns só para mim", "oh mãe, aqueles biscoitos eram horríveis".
Mas não é só a casa que ganha uma recordação, a criança também aprende o que significa preparar uma festa que apesar de ser sua é sobretudo para ser partilhada com os amigos e família, aprende que antes de recebermos, damos um pouco de nós, e que a nossa Casa tem de estar sempre aberta para aqueles que nos são queridos.
Prontos, é isto, as festas da Maria, enquanto ela for Criança hão-de ser em Casa (isto porque é em pleno Inverno), a não ser que ela um dia me diga que prefere noutro sítio, se for na Rua, tudo bem, mas se for num destes sítios, ainda não sei o que lhe diga, terá que saber defender a sua escolha..
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