Wednesday, July 11, 2012

Confissão!

Durante a semana em que a Maria esteve com os avós no Mar Negro, acabámos por ir ao Cinema.

A variedade não era muito apelativa, mas como poder ir ao cinema para nós é hoje como uma oportunidade rara, que surge uma vez ao ano, não nos importou. A escolha prendeu-se entre ver tiroteios, monstros, zombies ou bébés e pais. É claro que a escolha por este último foi mais que óbvia (pelo menos para mim, que estou grávida outra vez e que já estava a morrer de saudades da minha doce Maria).

Foi assim que vimos mais uma comédia romântica:
 "What to expect when you're expecting" (O que esperar quando se está à espera").
 Acho que o elenco não é relevante, porque tal como nas novelas portuguesas, os actores em hollywood acabam sempre por ser os mesmos, uma e outra vez.

O filme baseia-se no stress que é a espera do bébé (quer se esteja na fila para adopção, quer se esteja grávida quando se quer, quando não se espera e até quando a coisa acaba por correr mal). O que eu queria destacar é o facto do filme acompanhar pelo menos três gravidezes, bem diferentes umas das outras:

  1. Uma relativamente normal, com uma mulher que mantêm a sua actividade profissional mas que dá cabo da cabeça ao parceiro com os seus altos e baixos de humor (típicos na mulher, mas três vezes mais intenso e frequente quando se está grávida).
  2. Uma outra que sofre para caraças, com vómitos, dores nas costas, com o inchaço, com a flatulência (gases intensos), com a falta de conforto, falta de sexo, com a dificuldade em dormir, com o humor periclitante e com a decepção de não sentir o brilho que esperava um dia sentir quando engravidasse.
  3. E depois a pérola, a terceira que à primeira vez que engravida, engravida de gémeos, que mantêm todas as actividades fisicas que tinha anteriormente, praticando 300 mil desportos, que  não tem dores, que não tem dificuldades em dormir, nem ânsias de nada, que se mantêm linda, poderosa e sexy, cujo parto corre sem dor e angústia como se já tivesse tido vários filhos.

A segunda grávida e a terceira são da mesma família, é claro que eu simpatizei com a segunda, na minha primeira gravidez não tive vómitos e fiz a minha vida normal (com um pouco mais de actividade em determinada área, que soube bem), mas tive dores nas costas, aos 5 meses senti contracções, antes do final da gravidez tive uma semana no hospital por causa da pressão arterial e tive sempre muita dificuldade em dormir bem. Desta vez que ainda só estou no ínicio do quarto mês, a coisa está a ser um pouco mais dificil de levar.

A minha confissão é esta:

No final do filme mostram os casais com os filhos, a segunda grávida finalmente encontra o brilho dela, no filho que acabou de nascer, mas a terceira, aquela a quem corre sempre tudo tão bem (que até chateia) está desesperada com o marido e os dois gémeos que não param de chorar e a quem ela não consegue acalmar.

E eu ri-me e pensei "Deus é justo!".

Eu sei que é mau, que é muito mau ter pensado assim, ficar feliz com a infelicidade dos outros.

Depois de escrito ainda soa pior, não desejo mal a ninguém, mas às vezes chateia, não chateia?

Quando a gente está a sofrer de dores ou de enjoos, ou o nosso filho não dorme, ou fica doente, ou não come, ou faz birras, e vêem aquelas grávidas ou mães dizer "Ai, a minha gravidez foi um espectáculo!, O meu parto não doeu nada, soube-me tão bem!, O meu filho dorme que nem um anjinho!, O meu bébé mama/come que é um prazer, nunca faz birras para nada" ou a melhor "O cócó do meu filho não cheira mal!" (pera aí que já venho, merda é merda, cheira sempre mal, que às vezes até dá vontade de vomitar).

Isto é que chateia, não lhes desejo mal, mas por favor não me chateiem, ou me venham com essa que tudo é lindo e que corre às mil maravilhas.

Prontos confessei, não me julgo boa pessoa, mas não sou santa!
Odeio a inveja como sentimento e não a sinto em relação a estas pessoas, mas acontece que às vezes sabe bem ver o peixe morrer pela boca, quando o peixe dantes nos estava sempre a morder.

Ou será isto uma inveja escondida? Se for tenho que mudar, não é isto que quero que os meus filhos aprendam de mim.



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