Lembro-me duma noite de Outono, chegar a casa do trabalho e comunicar aos meus pais de forma abrupta que ia viver para a Andorra.
Assim vindo do nada, ía emigrar!
Não me lembro porque escolhi Andorra, só me lembro que esse era o meu primeiro destino e que não tinha absolutamente nada planeado.
Subi as escadas e a chorar, comecei a fazer as malas.
Não tinha a mais pequena ideia do que pôr na mala, só sabia que o meu carro (um peugeot 206) ía comigo para onde eu fosse, esse não ía ficar para trás.
Com vinte e poucos anos sem saber o que fazer da minha vida, só tinha uma certeza que tinha de fugir daquele mundo que me rodeava, do trabalho, da minha família e sobretudo dos Homens que me fustigavam o coração.
O grande motivo, por detrás da minha decisão, foram os Homens.
Os Homens por quem, na altura, me sentira loucamente apaixonada, um em especial, com um outro ainda presente, mas sempre muito longe.
Não aguentava a força do tsunami de emoções que me avassalava e decidi que o melhor era fugir para um sitio longe de todos, daqueles que me amavam, daqueles que eu amava e daqueles que não me suportavam e fingiam gostar de mim.
Estava cansada de tentar viver à altura duma vida que nunca quis que fosse minha.
Lembro-me que os meus pais ficaram a chorar, em estado de choque, mas que uma hora depois do comunicado, falei com alguém que me disse para esperar mais um pouco. E eu acabei por esperar e não fui a lado nenhum.
Os meus pais perturbaram-se, pensaram trinta mil coisas, que eu devia andar na má vida, que estava a passar por mais uma fase. Durante as semanas que se seguiram tentaram manter um ambiente calmo em casa para evitar novas sessões ou ideias.
Mal sabendo que anos mais tarde estariam de facto, num aeroporto, a dizer-me Adeus, pois havia decidido partir para uma terra e vida totalmente novas, só que desta vez apoiaram-me, tristes mas mostrando que estavam comigo. (mais uma vez a partida deveu-se a um Homem, só que desta vez ao da minha vida)
Quando parti, os meus amigos ficaram todos por lá, ainda as coisas não estavam tão más como agora. Acontece que entretanto muitos partiram, uns por amor, outros por terem oportunidades únicas noutros sítios e uns à procura de sorte, a qual o nosso país não parece bafejar ninguém.
Hoje, ganhei noção que não é só de Portugal que se foge, também se parte daqui, também daqui se parte à procura de melhor,
Eu sempre senti o desejo de partir, de correr o Mundo, de viver noutros sítios, mas confesso que não me imaginei partir do meu país, para me vir enfiar noutro, do qual não pareço sair ou vir a sair.
Sei que a minha vida mudou, que estás prestes a mudar, que daqui a alguns anos as coisas vão ser diferentes (com as crianças mais velhas). Ainda assim, quando vejo os outros partirem para destinos e mundos que tanto me atraem, não consigo deixar de sentir uma certa pena de eu não partir com eles.
Já conheci dois portugueses, um que viveu aqui 3 anos e que agora partiu com a família para o Reino Unido, e um outro que viveu aqui mais ou menos 6 anos e está prestes a partir para um destino mais exótico (confesso achar o destino perfeito). Conheci ainda outros estrangeiros que ficaram por aqui alguns anos, mas que acabaram por partir para outros sítios.
Eu vim para aqui por um motivo, mais do que suficiente, mais do que especifico, mas não consigo sentir que queira viver aqui até morrer. Essa ideia assusta-me, a de ficar aqui até ser velha, velha de mais.
Confesso que sonho, sonho muito com outros mundos que não este, que não Portugal.
Destinos de eleição neste momento seriam:
Brasil e Austrália
Aqui acho que viveria um pouco melhor com a cultura, com os hábitos e é claro com o clima.
Mas sinto que este sonho, este desejo é só Meu! Eu e Ele nem sempre partilhamos dos mesmos sonhos, mas talvez aqueles que partilhamos, aqueles que temos em comum, sejam os que de facto interessam..
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