Saturday, February 16, 2013

Saídas à Maria *2

Mãe: Maria, com queres dormir hoje?
(sem resposta, talvez estivesse a pensar no assunto)
Mãe: Queres dormir com a Mu (uma vaquinha)?
Maria: Não!
Mãe: Queres dormir com a Miss Piggy e o Coelhinho, ou com o Bau, Bau?
Maria: Não!
Mãe: Queres dormir com o Pooh, o Pigglet e o Iori?
Maria: Não!
Já estava sem ideias, ela não gosta de dormir com mais nenhum dos brinquedos, quando ela se sai com esta: Quero dormir com o M.!
Mãe: Mas o M. foi-se embora.
Maria: M. tá em Portugal, Maria vai a Portugal! Tá bem?

Depois de cinco dias consecutivos a brincar com o Primo, cá em casa, em que no período de 24 horas tanto se amavam como não se podiam ver (tal qual irmãos), a Maria agora só quer dormir com o M., o amigo ao qual ela se refere dizendo: Tantas Saudades M.!

Saídas à Maria..

Mãe: Vamos à rua, amor?
Maria: Sim, vamos a Portugal!
Mãe: Amor, Portugal fica muito longe, agora só daqui a uns tempos, está bem?
Maria: Tá bem! Maria vai a Portugal!

Como explicar a uma Criança de dois anos que Portugal não é já ali ao virar da esquina mas que fica antes lá na outra ponta da Europa.

Para a Maria, Portugal não é um país, não é um sitio, é uma casa onde moram os avós, a tia e o primo, onde moram aqueles que brincam com ela e sabem falar a língua da Mama.

Pensando nisso, a concepção dela é que está certa, também para mim se trata da Casa onde moram aqueles que eu tanto amo e que tanta falta me fazem.

Ai que Saudades! Fazem-me muita falta!

Monday, January 7, 2013

Maria e o Mano (1)

Maria entra pelo quarto de rompante, olha para a Mãe e para o Mano e exclama admirada:
- Bébé papa Maminha.
Salta para a cama, observa, observa e observa, até que se aproxima da Mãe e diz:
- Maria também quer papar Maminha.
- Filhota, já és grandinha, a tua vez já foi, é só para o bébé. (pensando cá para mim, com esses dentes morria certamente)

Doeu para Burro...

Aquilo que eu mais temia voltou a acontecer..
Tiveram que voltar a induzir-me o parto..

No dia 25 de Dezembro, cansados de estarmos em casa e para aproveitar o sol que brilhava no céu, decidimos ir dar um passeio, pelo centro da cidade e ir beber um Natalino (café, chocolate, natas e biscoito - combinação genial da qual me tornei fã número 1).

No regresso a casa, por volta das 5.00 horas da tarde e mesmo ali ao virar da esquina, deu-me uma tontura e as minhas águas rebentaram. Tonta, mas calma e amparada pelo meu Pai, caminhei para casa, para tomar um banho e deitar-me até conseguir falar com o médico.

O meu Marido dizia-me, se calhar era melhor irmos para o Hospital, e eu estranhamente calma com pouquissimas contracções dizia, calma, quando falarmos com ele logo se vê.

Assim que falamos com ele, mandou-nos de imediato para o Hospital para ver como estava o bébé, estava tudo bem, o bébé estava calminho, ainda tinha água, amanhã ou mais tarde nessa noite logo se via. Entre vir para casa, ou ficar no hospital, escolhi Casa (como é lógico, se puder evitar uma noite num hospital que seja, evito, fujo deles como o Diabo foge da Cruz, tenho horror em dormir nestes sitios).

Na manhã seguinte, sem contracções mas seguindo a recomendacção do médico, lá fomos nós ver o ritmo do coração do meu pequenino, sendo que descobrimos que já não tinha água suficiente ao pé da cabeça, toca a induzir o parto rapidamente.

Oh não!! Outra vez!, pensei eu, mas desta vez não me apanham, não me deito. E foi assim que nas horas que se seguiram andei a correr os corredores da ala de parto, contando as contracções, respirando fundo e aguentando-me à bronca. Confesso que estava orgulhosa de mim, desta vez sei o que o que fazer, já não me apanham a sofrer..

Até que me disseram, vá Ana vamos lá a dar à luz este bébé, que já é mais que tempo..
Dum segundo para o outro as contracções triplicaram e a intensidade aumentou de 10 para 10 milhões, ao que eu, fraca, quebrei.

Respirar, o que é isso, esqueci-me, fiquei louca, ao que me perguntaram, queres a epidural, sim, por favor (havia pensado que desta vez me aguentaria sem ela, mas nem pensar).

Assim deram-me a epidural, mas ao contrário do que aconteceu no parto da Maria, não senti qualquer alívio, nada, tremia que nem varas verdes, fiquei cheia de frio, não conseguia respirar e mantiveram-me deitada cheia de dores, a determinado momento só me lembro de gritar "Ai, ai, ai, ai, ai" e de implorar "Please help me! Please help me!". A dose que a anestesista me deu não foi suficiente e a menos de uns escassos minutos do bébé nascer deram-me qualquer coisa para ajudar, que eu não senti surtir qualquer efeito, a médica que me assistia mandou vir com a anestesista, mas a besta, porque era uma besta, reclamou qualquer coisa que eu não percebi.

O meu búlgaro por esta altura já se tinha evaporado da minha mente, vá lá que ainda consegui falar inglês, mas confesso que não sei como, porque a dor era muita.

Foi assim que senti, o meu bébé de 3,950 kilos e 53 cm nascer, senti tudo e não foi nada agradável.
Nasceu no dia 26, às 7.00 da tarde, na sala n. 7.

Segundo parto e não foi nada fácil e eu a pensar que o segundo saía sozinho, como me contavam.

Mas como me doeu, porque será que dizem que as dores se esquecem, não me esqueci das da Maria e depois deste não me esqueço certamente.

As dores de parto são como se estivessemos a cagar uma melancia, esta é a mais pura das verdades..
Dói para Burro! É cá uma Dor, que a ideia de que não vamos conseguir, que vamos desfalecer a qualquer momento impera.

O bom da história é que quando acaba, acaba mesmo. Puro alívio!

No final, bébé nos barços, sorriso na cara, coração quente, corpo cansado, mãe feliz!

Estou completamente apaixonada pelo meu Todor pequenino, ainda por cima é a cara do Pai, que mais podia eu querer.. :)