8 de Março de 2012 - Dia da Mulher
Para mim foi um dia normal, mas uma noite fora do comum.
Saí à noite!
Sim, fui a um
Bar/Disco, beber uns copos, e só voltei para casa à
meia noite.
(Vejo-me a escrever isto e a pensar que eu não falava assim desde os 16 anos, sim porque aos 16 comecei a sair à noite e para mim era como se tivesse alcançado mais um patamar no caminho para a independência, autonomia e para a verdadeira festa que era a vida. Agora sair à noite é um privilégio que só me posso dar ao luxo de ter, se alguém puder ficar com a Maria, sendo que tal não acontecia há quase um ano.
Acho incrivel que a vida dê tantas voltas! Bem que o meu querido Pai me avisou - Ana, olha que tudo tem o seu tempo!).
No tal Bar (de nome 386) bebemos uns belos Mojitos e uns Long Island Ice Teas e encontramos uns amigos do antigo bairro onde o Todor morou na adolescência.
É nestas ocasiões "sociais" que eu me sinto como um peixe no aquário - glu, glu, glu!!
Quando as pessoas me conhecem pela primeira, segunda e terceira vez, levo sempre com as mesmas perguntas:
"Donde é que és mesmo, De Espanha, Mas o que é que estás a fazer na Bulgária (mesmo que o Todor esteja ali ao meu lado), Mas porque é que optaram por ficar aqui, ..."
A lista de perguntas é imensa, sinceramente não me importo de responder a estas perguntas (com excepção da "De Espanha
?"), compreendo a curiosidade, mas chateia-me que todos olhem para mim com aquela cara de incompreensão, ou que a seguir aos esclarecimentos não saibam mais que dizer, porque todos acham que dificilmente tenhamos algo em comum para falar, ainda mais em inglês.
Mas desta vez, conheci a "pérola" e imaginem só, não é que era uma estudante de direito a fazer um estágio de advocacia, que dali a duas semanas viajava para Albufeira, para participar num Congresso da ELSA.
Eis que me fez as peguntas habituais, até que me disse que ia a um Congresso em Portugal, na qualidade de Secretária Geral da ELSA, Bulgária. Tal e qual assim! Ora quantos de vós sabem o que é ELSA
??
Exactamente!!
Pois calhou que eu até sabia, ELSA - European Law Students' Association - quando depois de desbobinado o discurso, acredito que repetido pela milésima vez, a pérola lá me perguntou se eu sabia o que era a ELSA, qual não foi a reacção da mesma quando disse que sim.
Expliquem-me como é que uma pessoa fala e fala e fala, para só depois perguntar se o outro sabe a que é que se está a referir, das três uma, ou espera fazer o outro sentir-se ignorante, ou, almeja passar-se por algo excepcional, ou só sabe falar para se ouvir e não para ser ouvido (como a maioria dos advogados que conheço).
Posto isto, perguntou-me como é que eu sabia, lá expliquei que havia estudado Direito, mas que por força do destino, da minha vinda para a Bulgária, havia deixado o Direito de lado..
Após falar um pouco mais do meu percurso de vida, eis a reacção da pérola:
"But that's absurd!" (tradução: "Mas isso é absurdo!")
Conhece-me há dois minutos e já julga as minhas atitudes de vida como absurdas, quando ainda há meia hora atrás esteve fechada na casa de banho de um bar a discutir com o namorado. Enfim, tipico!
Ainda assim, a reacção fez-me pensar!
Pensar que em diversos momentos da minha vida, a minha "carreira" era mais importante que tudo o resto, até mesmo que as pessoas que então amava.
Pensar que só o amor pelo Todor me podia levar a cometer tal "absurdo" e que não podia ser com mais ninguém senão ele.
Pensar que quem não ama, quem não ama ao ponto de abdicar, abdicar de tudo o que até então era a única coisa que fazia sentido e tinha futuro, não sabe o que me move.
Pensar que o amor ainda não tem uma base de cimento para não me fazer balançar perante aquilo que foi o meu passado, as pessoas, o sonho que deixei para trás e o meu anterior modo de vida.
Pensar que até sinto saudades de trabalhar exactamente naquilo para o que me havia talhado toda uma vida.
Pensar que se não amasse, como amo, ainda hoje não era Mãe, ainda hoje não sabia o que é não ser o centro das minhas atenções, pois aquele ser ainda tão pequenino tem um brilho bem mais forte que o meu.
Mas hoje, quando actualizava o meu Curriculum, por motivos profissionais, apercebi-me no que já alcancei desde que comecei o meu novo percurso e só posso concluir que aprendi imenso, que estou a evoluir numa direcção anteriormente totalmente desconhecida, o que acaba por ser um desafio muito maior e que ainda não me vou ficar por aqui.
O inicio não foi fácil, mas mais uma vez lá me valeu um dos conselhos do meu Pai, que eu tanto amo e tanta falta me faz, "Sabes, às vezes não importa o que fazemos, mas sim como o fazemos".
Deixar Portugal foi e é dificil todos os dias, mas o que mais sinto falta não é do trabalho que tinha, mas sim das pessoas que sempre amei, dos sitios que me tranquilizavam, dos cheiros que me faziam relaxar, dos sons, das vozes...
Acrescente-se do peixe, da comidinha da Mãe e da Avó (para que não fiquem com ciúmes), dos miminhos da família e dos amigos, do sol, do calor.
Conclusão:
Não tenho! Essa vai ficar sempre para amanhã!
